Descubra como Ian Stevenson revolucionou os estudos da reencarnação com pesquisas científicas, relatos fascinantes e casos que desafiam a lógica.
Em 8 de fevereiro de 2007, o campo de estudo científico da reencarnação sofreu uma grande perda. Ian Stevenson, amplamente reconhecido como a maior autoridade mundial na pesquisa da reencarnação, faleceu aos 88 anos em Charlottesville, Virgínia, após lutar contra a pneumonia.
Ao longo de sua vida, ele dedicou mais de quatro décadas ao estudo da reencarnação, construindo um legado inigualável. Médico formado, professor de psiquiatria e diretor da Divisão de Estudos da Personalidade da Universidade da Virgínia, ele produziu mais de 200 artigos e livros fundamentais.
Ian Stevenson nasceu em Montreal, Canadá, no dia 31 de outubro de 1918. Ele começou sua trajetória acadêmica nas universidades de St. Andrews, na Escócia, e McGill, no Canadá, onde se formou em medicina em 1943, como o melhor aluno de sua turma.
Após a graduação, ele trabalhou na Universidade Cornell entre 1947 e 1949 e, depois, na Louisiana State University até 1957. Foi nesse mesmo ano que ele se estabeleceu na Universidade da Virgínia, onde iniciou seu trabalho transformador na pesquisa sobre reencarnação.
Casos Fascinantes e Suas Implicações
Desde cedo, Ian Stevenson demonstrou interesse em áreas parapsicológicas, algo que provavelmente foi influenciado por sua mãe, adepta da teosofia. Ele investigou diversos temas, incluindo telepatia, precognição e experiências de quase morte.
No entanto, seus estudos sobre memórias de vidas passadas tornaram-se sua marca registrada. Ele concentrou seus esforços em casos de crianças que relatavam espontaneamente lembranças detalhadas de existências anteriores, muitas vezes entre os dois e quatro anos de idade.
Em 1961, ele publicou sua primeira monografia sobre o tema, intitulada The Evidence for Survival from Claimed Memories of Former Incarnations, na qual examinou 44 casos documentados de memórias de vidas passadas. Esse trabalho rendeu-lhe o Prêmio William James, concedido pela American Society for Psychical Research.
A publicação chamou a atenção de Eileen Garrett, cofundadora da Parapsychology Foundation, que o convidou para investigar o caso de uma criança indiana que afirmava ter lembranças de uma vida passada. Essa pesquisa ocorreu ainda em 1961, durante suas férias.
Stevenson adotava uma abordagem rigorosa, evitando declarações categóricas sobre comprovações científicas da reencarnação. Em vez disso, ele apresentava evidências que “sugeriam” essa possibilidade.
Uma parte essencial de suas pesquisas envolvia crianças que possuíam marcas de nascença ou defeitos físicos associados a relatos de ferimentos em vidas passadas. Seu livro Reincarnation and Biology, publicado em 1997 pela Praeger Publishers, detalha 225 casos que ilustram essa correlação. Essa obra é considerada um marco em seus estudos.
O Caso de Swarnlata Mishra
Entre os casos mais emblemáticos investigados por Ian Stevenson está o de Swarnlata Mishra, nascida na Índia em 1948. Aos três anos de idade, Swarnlata começou a relatar lembranças detalhadas de uma vida passada. Ela afirmava ter sido uma mulher chamada Biya Pathak, que viveu em Katni, uma cidade localizada a cerca de 150 km de sua casa.
Swarnlata descreveu sua antiga casa com precisão, incluindo detalhes como um jardim, um balanço e uma mesa de mármore no pátio. Além disso, ela identificou membros da família Pathak, mencionando nomes e características específicas.
Quando sua família atual decidiu investigar, Swarnlata reconheceu os Pathaks em Katni e apontou detalhes que só poderiam ser conhecidos por alguém que havia vivido naquela família, como eventos particulares e segredos domésticos.
Ian Stevenson documentou cuidadosamente esse caso, destacando que Swarnlata nunca havia visitado Katni antes e que sua família não tinha conexões prévias com a cidade. Este é um dos muitos exemplos que ele apresentou como evidências que sugerem a possibilidade da reencarnação, consolidando sua reputação como pioneiro no estudo de memórias de vidas passadas.
Apoio e Expansão das Pesquisas de Ian Stevenson
A jornada de Ian Stevenson ganhou um importante aliado em Chester Carlson, o inventor da máquina Xerox. Carlson tomou conhecimento de seus trabalhos em 1961, após ler a monografia inicial, e passou a financiar as viagens e pesquisas de Stevenson.
Em 1963, com o falecimento de Carlson, ele deixou US$ 2 milhões em doações, metade para apoiar a pesquisa de Stevenson e outra metade para criar uma cátedra de psiquiatria na Universidade da Virgínia, que ele assumiu. Esse aporte financeiro foi essencial para a criação da Divisão de Estudos da Personalidade, um centro único no mundo dedicado ao estudo da reencarnação e fenômenos paranormais.
Com os recursos e o apoio de Carlson, Stevenson realizou estudos de campo na Índia, no Alasca e em outros locais. Ele documentou relatos impressionantes de crianças que descreviam detalhes precisos sobre supostas vidas passadas.
Uma de suas análises mais fascinantes foi perceber que muitas dessas crianças não apenas relatavam memórias, mas também reproduziam traços de comportamento, habilidades e costumes das personalidades descritas.
O Legado de Ian Stevenson
Após sua aposentadoria em 2002, Bruce Greyson assumiu a cátedra Carlson de Psiquiatria, enquanto Jim Tucker, psiquiatra infantil e professor assistente da Universidade da Virgínia, continuou os estudos sobre reencarnação. Tucker utilizou as bases deixadas por Stevenson para explorar casos semelhantes, publicando novas análises no campo.
Embora Stevenson fosse cauteloso ao expor suas opiniões pessoais, em um artigo publicado no Journal of Scientific Exploration em 2006, intitulado “Half a Career With the Paranormal”, ele admitiu sua curiosidade sobre o impacto das vidas passadas em doenças e características presentes. Nesse texto, Stevenson comentou que sua própria condição respiratória o fazia refletir sobre conexões potenciais com vidas anteriores.
Ian Stevenson transformou o estudo da reencarnação em um campo de investigação científica, rompendo barreiras e inspirando gerações de pesquisadores.
Com rigor e comprometimento, ele deixou um exemplo de como a ciência pode abordar até os temas mais controversos com seriedade e precisão. Seu legado permanece como um convite para continuar explorando os mistérios da vida e da existência.