Neste post, exploramos juntos uma viagem através dos tempos, a História do Espiritismo, que tem impactado milhões de pessoas ao redor do globo há quase dois séculos.
Em toda a história humana, principalmente entre os povos mais antigos da Índia, Egito e Grécia, se fazem presentes os fatos mediúnicos.
Existem registros na Bíblia de que os hebreus, antigo povo judeu, faziam evocações aos mortos. Nos escritos religiosos dos Vedas, livro sagrado hindu, há afirmações sobre a existência dos Espíritos.
Na Idade Média, devido à intolerância religiosa, tornou-se difícil a prática dessas manifestações.
Essa época, considerada “a época negra” da história, impediu toda e qualquer manifestação do pensamento. A igreja se considerava a única depositária e fiel intérprete da “Verdade” e, em nome dessa “Verdade”, perseguiu implacavelmente todos os que ousavam raciocinar com independência, lançando-os às masmorras do “Santo Ofício” ou aos Tribunais da “Santa Inquisição”.
Por isso, é difícil determinar a data exata do surgimento do Espiritismo, ou melhor, dos contatos entre Espíritos e o mundo dos encarnados, pois o termo Espiritismo, em sua definição precisa, foi criado por Allan Kardec para para diferenciar a nova doutrina espiritualista que ele estava codificando de outras crenças e práticas existe na época.
Precursor Doutrinário do Espiritismo
Antes de Allan Kardec codificar o Espiritismo, outras figuras importantes já haviam abordado temas relacionados à comunicação com os Espíritos e à vida após a morte.
Um desses precursores foi Emanuel Swedenborg (1744), um cientista e filósofo sueco do século XVIII, que teve um papel fundamental na preparação do terreno para o Espiritismo.
Swedenborg, conhecido por suas visões e comunicações espirituais, escreveu extensivamente sobre suas experiências e sobre a estrutura do mundo espiritual.
Embora Swedenborg não tenha utilizado o termo “Espiritismo”, suas contribuições foram cruciais para o pensamento espiritualista da época, escrevendo diversas obras como “Arcana Coelestia” (Segredos Celestes) e “Vera Christiana Religio” (A Verdadeira Religião Cristã), servindo de base para muitos dos conceitos que seriam posteriormente desenvolvidos por Kardec.
Outros nomes como Edward Irving (1830), um pastor protestante da Igreja Escocesa e Andrew Jackson Davis (1844) que em projeção, acompanhou o desencarne de uma pessoa, contribuíram imensamente na história do espiritismo.
O Caso das Irmãs Fox
Após as contribuições de Emanuel Swedenborg, avançamos para um dos eventos mais marcantes que impulsionaram o movimento espírita no século XIX: o Caso das Irmãs Fox.
A Família FOX, uma família americana protestante que vivia numa casa alugada em Hydesville, no estado de Nova York, Estados Unidos composta pelo pai John Fox, mãe Margareth e suas duas filhas: Margareth, 14 anos e Kate, 11 anos.
Em 1848, a família foi surpreendida por barulhos de arranhaduras que se intensificavam, assustando as crianças de tal maneira que não queriam mais dormir sozinhas. Em 31 de março de 1848, a casa foi invadida por sons intensos, Kate resolveu desafiar o mistério.
Para testar a natureza desses fenômenos, as irmãs estabeleceram um código de batidas para se comunicar com o suposto espírito. As respostas revelaram a identidade de um espírito que afirmava ter sido assassinado naquela casa. Seu nome era Charles B. Rosma (caixeiro viajante até então tido como desaparecido).
O caso atraiu grande atenção, levando muitos curiosos e investigadores à casa dos Fox para testemunhar os eventos e devido à intolerância religiosa, a família Fox foi banida da igreja, por não negar a existência dos fenômenos espíritas.
As Mesas Girantes e o Advento da Doutrina Espírita
O caso da família Fox contribuiu muito para a história do espiritismo despertando interesse por fenômenos espirituais por todo o mundo. Na década de 1850, um novo fenômeno se popularizou na Europa, especialmente na França: as mesas girantes.
As mesas girantes eram sessões onde pessoas se reuniam ao redor de uma mesa que, supostamente, movia-se sem nenhuma explicação física aparente. Os participantes colocavam as mãos sobre a mesa, e esta começava a girar, levantar-se ou bater no chão. Acreditava-se que esses movimentos eram causados por espíritos que estavam presentes e tentando se comunicar.
Essas sessões se tornaram uma forma popular de entretenimento nos salões europeus, atraindo tanto céticos quanto curiosos. No entanto, além da diversão, muitos buscavam respostas para questões existenciais e espirituais através desses fenômenos.
As mesas girantes chamaram a atenção de cientistas, intelectuais e filósofos da época, incluindo Hippolyte León Denizard Rivail.
Nascido em 1804, Rivail era um educador e cientista francês, decidiu investigar esses fenômenos com uma abordagem científica e metodológica. Ele participou de várias sessões de mesas girantes, observando e documentando os eventos.
Sua investigação minuciosa levou à conclusão de que os fenômenos não podiam ser explicados apenas por causas físicas ou fraudes, mas envolviam uma inteligência oculta.
Allan Kardec e a Codificação do Espiritismo
Hippolyte León Denizard Rivail adotou o pseudônimo de “Allan Kardec” em 1857, ao publicar “O Livro dos Espíritos”.
Segundo informações recebidas de um espírito, Rivail teria sido um druida chamado Allan Kardec em uma vida passada. Este evento marcou o início de uma nova fase em sua vida e no desenvolvimento da história do Espiritismo.
Ao aprofundar suas investigações sobre os fenômenos mediúnicos, Kardec começou a formular a base do que se tornaria a doutrina espírita.
Ele percebeu que os fenômenos observados nas sessões de mesas girantes e outros eventos mediúnicos possuíam uma lógica e uma inteligência que não podiam ser ignoradas.
Decidido a entender essas manifestações, Kardec sistematizou as comunicações dos espíritos, aplicando rigor científico e metodológico à sua análise.
“O Livro dos Espíritos“, publicado em 18 de abril de 1857, é a primeira e mais importante obra de Kardec, contendo os fundamentos do Espiritismo.
O livro é composto por uma série de perguntas e respostas organizadas por Kardec, abordando temas como a imortalidade da alma, a natureza dos espíritos, a vida após a morte e as leis morais que regem o universo.
Este trabalho monumental foi recebido com grande interesse e marcou o nascimento oficial do Espiritismo como uma nova corrente de pensamento espiritualista na história do Espiritismo.
Pentateuco Kardequiano
Após o sucesso de “O Livro dos Espíritos”, Kardec continuou seu trabalho incansável na codificação da doutrina espírita.
Ele publicou outras obras essenciais, como “O Livro dos Médiuns”, “O Evangelho Segundo o Espiritismo“, “O Céu e o Inferno” e “A Gênese”.
Cada um desses livros aprofunda aspectos diferentes da doutrina, oferecendo orientação prática para médiuns, explicando os ensinamentos morais de Jesus sob a luz do Espiritismo e explorando questões filosóficas e científicas sobre a criação e o funcionamento do universo.
Revista Espírita
Kardec também fundou a “Revista Espírita” em 1858, uma publicação mensal que serviu como um fórum para a troca de ideias, relatos de fenômenos mediúnicos e discussões sobre os princípios espíritas.
A revista ajudou a consolidar a comunidade espírita na França e a disseminar as ideias de Kardec para um público mais amplo, marcando mais um capítulo importante na história do Espiritismo.
Allan Kardec dedicou sua vida a investigar, compreender e divulgar o Espiritismo. Sua abordagem racional e científica, aliada a um profundo compromisso com a moralidade e o progresso espiritual, fez dele uma figura central na história do Espiritismo.
Sua obra continua a influenciar milhões de pessoas ao redor do mundo, oferecendo uma visão consoladora e esclarecedora sobre a vida, a morte e o propósito da existência humana.
Grandes Nomes na História do Espiritismo e em sua Edificação
A história do Espiritismo e sua edificação espírita foi complementada por vários contribuintes, entre os quais podemos citar:
- Gabriel Delanne – Defensor ferrenho do caráter científico da Doutrina Espírita e combate ao materialismo, dedicou a maior parte de seus esforços na luta por consolidar o Espiritismo como uma ciência estabelecida e complementar às outras.
- Léon Denis – De acentuadas qualidades morais, dedicou toda uma longa vida à defesa dos postulados que Kardec transmitira nos livros do pentateuco espírita, em seu tríplice aspecto de ciência, filosofia e religião, com maior persistência na abordagem do seu aspecto filosófico.
- Willian Crookes – Considerado o maior químico da Inglaterra, segundo afirmativa de Arthur Conan Doyle. Mencionado como sendo um dos mais persistentes e corajosos pesquisadores dos fenômenos supranormais, desenvolveu importantes trabalho na área da fenomenologia espírita (materialização).
Descobridor do elemento Tálio e da matéria radiante. Foi um dos primeiros cientistas a investigar o que atualmente chamamos de plasmas. - Camille Flammarion – Importante pesquisador e popularizador da astronomia. Sua carreira na pesquisa e popularização de fenômenos paranormais também é bastante notória. Ele trouxe lume às várias questões relativas aos importantes fundamentos da Doutrina Espírita, quais sejam, a imortalidade da alma, a comunicação entre os Espíritos e as faculdades extra-sensoriais dos homens.
- Gustave Geley – Foi dos principais filósofos e cientistas de tendência Espírita do século XIX/XX. Um dos mais notáveis pesquisadores no campo das materializações, tornando-se referência obrigatória no estudo do ectoplasma e seus fenômenos.
- Charles Richet – Conhecido como fundador da Metapsíquica, desempenhou um papel no processo de desvendar o desconhecido mundo dos fenômenos anímicos.
História do Espiritismo no Brasil e seu Fortalecimento
O Brasil, um país de vasta diversidade cultural e religiosa, mostrou-se solo fértil para o Espiritismo.
Desde a chegada das primeiras obras de Kardec em meados do século XIX, até os dias de hoje, o país tornou-se o maior centro espírita do mundo.
A mediunidade intelectual já estava desenvolvida no Brasil, proporcionando um terreno fértil para o Espiritismo naquela época.
O primeiro Centro Espírita brasileiro foi fundado em Salvador em 1865, sinalizando o início formal do movimento no país. Poucos anos depois, em 1869, o primeiro jornal espírita, “Ecos além-túmulo”, começou a circular também em Salvador, contribuindo para a disseminação das ideias espíritas.
Figuras como Adolfo Bezerra de Menezes e Chico Xavier não só contribuíram e apareceram na história do Espiritismo brasileiro, mas também exemplificaram em suas vidas os princípios espíritas de caridade e amor ao próximo.
Bezerra de Menezes, conhecido como o “Médico dos Pobres”, foi essencial na estruturação do movimento espírita brasileiro.
Entre 1889 e 1900, ele assumiu a presidência da Federação Espírita Brasileira (FEB), fundada em 1884, e desempenhou um papel crucial na consolidação do Espiritismo no país. Sob sua liderança, a FEB fortaleceu sua influência, utilizando a Revista Reformador como órgão de divulgação oficial.
Chico Xavier, com sua mediunidade prodigiosa, psicografou mais de 400 livros, transmitindo consolo e esperança para milhões de pessoas.
Sua obra e exemplo de vida ajudaram a popularizar ainda mais o Espiritismo, tornando-se uma das figuras mais queridas e respeitadas do movimento.
Expoentes do Espiritismo no Brasil
- CAIRBAR SCHUTEL (1868-1938) – conhecido como o “bandeirante” do Espiritismo. Empreendeu grande luta contra os dogmas da igreja.
- EURÍPEDES BARSANULFO (1880-1918). Fundou o primeiro colégio espírita do país, o Colégio Allan Kardec, que disponibilizou educação gratuita para milhares de pobres e órfãos.
- FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER (1910 – 2002) – escreveu 412 livros psicografados, muitos dos quais traduzidos a vários idiomas e editados em vários países.
Além destes, na história do Espiritismo brasileiro podem ser citados: José Herculano Pires, Yvone Pereira, Divaldo Pereira Franco, Francisco do Espírito Santo Netto, Richard Simonetti, Luís Gonzaga Pinheiro, Terezinha de Oliveira, Carlos Rizini e outros.
Dessa forma, o Brasil tem um papel importante na história do Espiritismo tornando-se um líder mundial na prática e divulgação da doutrina, com uma comunidade espírita vibrante e ativa que continua a crescer e influenciar positivamente a vida de muitas pessoas.
Concluindo Nossa Jornada
Está foi uma breve exploração na História do Espiritismo, oferecendo apenas um vislumbre das ricas e profundas raízes desta doutrina que continua a influenciar milhões ao redor do mundo.
No futuro, pretendo aprofundar cada aspecto desta maravilhosa doutrina, explorando com mais detalhes as nuances e os desenvolvimentos históricos que moldaram o Espiritismo até os dias atuais.