Questão 16 – Aqueles que confessam esta doutrina acham nela a demonstração de alguns dos atributos de Deus: Sendo infinitos os mundos, Deus é, por isso mesmo, infinito; não havendo o vazio, ou o nada em parte alguma, Deus está por toda parte; estando Deus em toda parte, pois que tudo é parte integrante de Deus, ele dá a todos os fenômenos da Natureza uma razão de ser inteligente. No que podemos nos opor a este raciocínio?
“A razão. Refleti seriamente e não será difícil reconhecerem o absurdo.”
o livro dos espíritos – allan kardec
As questões 14, 15 e 16 encontram-se em “O Livro dos Espíritos” – 1ª Parte – Capítulo 1, tratando sobre Deus e panteísmo.
Considerações de Kardec:
Esta doutrina faz de Deus um ser material que, embora dotado de suprema inteligência, seria um ponto grande tal como somos um ponto pequeno. Ora, como a matéria se transforma constantemente, se Deus fosse assim, nenhuma estabilidade teria; Ele se acharia sujeito a todas as fraquezas, como as mesmas necessidades da Humanidade; faltaria a Ele uma das qualidades essenciais da Divindade: a imutabilidade.
Não se podem aliar as propriedades da matéria à ideia de Deus, sem que Ele fique rebaixado ante a nossa compreensão e não haverá sutilezas de sofismas que cheguem a resolver o problema da sua natureza íntima. Não sabemos tudo o que Ele é, mas sabemos o que Ele não pode deixar de ser e o Panteísmo está em contradição com as suas mais essenciais propriedades.
Ele confunde o Criador com a criatura, exatamente como o faria quem pretendesse que engenhosa máquina fosse parte integrante do
mecânico que a imaginou.
A inteligência de Deus se revela em suas obras como a de um pintor no seu quadro; mas, as obras de Deus não são o próprio Deus, como o quadro não é o pintor que o concebeu e executou.